Metallica – Hardwired… to Self-Destruct
Postado em 29 de maio de 2017 | @ 21:51


A despeito da tendência da comunidade metal de julgar como melhor o que foi feito no passado, “Hardwired… to Self-Destruct” é tão relevante na discografia do Metallica quanto seus grandes clássicos. Tão quanto os primeiros cinco discos, esse é um álbum do mais alto nível de excelência. Em todos os sentidos. As composições, sem nenhuma exceção, de “Hardwired” a “Spit Out The Bone”, são de muita qualidade e demonstram que James Hetfield e Lars Ulrich recuperaram a coesão criativa que exerce influência não somente no universo simbólico do Metallica, mas em todo esse movimento cultural. “Hardwired… to Self-Destruct” é criativamente relevante. Em sua unicidade traz pluralidade para uma tradição quase esgotada.
Aqui o Metallica dialoga com suas influências de uma maneira muito honesta, talvez como nunca o fez antes, de forma que Black Sabbath, Iron Maiden e Thin Lizzy são nomes que vêm à mente durante toda a audição, sem mencionar o Motörhead de Lemmy Kilmister, personificado em “Murder One”. E mesmo que se possa considerar o Metallica um grupo partidário do neoliberalismo, nascido  das mãos de um filho de tenistas dinamarqueses ricos e que até hoje se mantém entre os poderosos com um patrimônio líquido estimado em 300 milhões de dólares, em nenhum momento, nem em uma só nota, transparece qualquer intenção de entorpecer o público com formas fáceis e repetitivas, recurso este usado tanto pela famigerada indústria da música quanto pelos seus opositores do underground não dotados de criatividade. A essa análise ainda desejo acrescentar que a avaliação desse álbum como o melhor lançamento de seu segmento em 2016 não é influenciado pelo fato de que “Hardwired… to Self-Destruct” seja um autêntico disco de heavy metal.  A meu ver artistas não deveriam nunca estabelecer relações de fidelidade com estilos, estéticas ou, até mesmo, com público, mas, única e apenas, com sua subjetividade e desejo de expressão. Só assim uma obra artística pode ser sincera, sem interferências nocivas. Eu sinto e ouço verdades em “Hardwired… to Self-Destruct”. O tempo todo. Se “Load” ou “Reload” foram trabalhos artísticos sinceros ou não, é fato que no seu aspecto mercantil conseguiram projetar uma banda de metal para um patamar no show-business nunca antes alcançado. Isso permite ao Metallica ser a maior banda de heavy metal da história (não antropologicamente). Nietzsche errou, deus não está morto.

Por Eliton Tomasi

 
 
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