Não apoie o metal nacional!
Postado em 04 de fevereiro de 2021 | @ 13:07


Por Eliton Tomasi

Eu tinha aproximadamente 12 anos de idade quando o rock entrou na minha vida. E a mudou para sempre! Como qualquer garoto, fiquei fascinado com as bandas que, na época, tocavam na MTV (era o início da emissora): Guns ‘N’ Roses, Metallica, Faith No More, Alice In Chains, Sepultura, etc. Com o dinheiro da mesada, logo passei a comprar LPs, cassetes, VHS, revistas de música, camisetas das bandas que mais curtia. Os presentes que eu pedia em aniversários, natais e datas desse tipo eram sempre relacionados ao rock. A primeira camiseta foi a minha mãe que me comprou, uma branca do Guns, com aquela cruz da tatuagem do Axel. Lembro também que logo depois ela me comprou uma do Iron Maiden (The Evil That Men Do) e no mesmo pedido minha mãe comprou uma do Metallica para o meu irmão, que na época também passou a curtir comigo – um tempo depois ele perdeu o interesse pelo rock e essa camiseta acabou ficando comigo. Nunca me esqueço também de uma manhã que acordei e vi uma cópia em LP do Black Album do Metallica – que acabava de ser lançado – que minha mãe tinha me comprado de presente. Me sinto muito emocionado ao lembrar e escrever sobre isso.

Meu primeiro show foi do Guns ‘N’ Roses no Anhembi em São Paulo em Dezembro de 1992. Nessa época meu grande parceiro de rock era meu primo que morava em São Paulo. Por alguma razão ele não iria no show, eu fiquei morrendo de medo de ir sozinho, eu tinha apenas 15 anos. Mas eu estava tão arrebatado pela música e pelo Guns ‘N’ Roses que enfrentei o medo. Meu tio me comprou o ingresso e no dia do show peguei um ônibus de Sorocaba para São Paulo e viajei sozinho pela primeira vez. Ao chegar na rodoviária da Barra Funda, meu tio e meu primo esperavam por mim. Minha alegria foi imensa ao, após nos cumprimentarmos, eles me dizerem que haviam comprado dois ingressos e que meu primo também iria ao show comigo. Não esqueço desse show até hoje, inclusive dos detalhes da ida e da volta. Aliás, me lembro que, ao entrar no Anhembi, durante a revista, fui impedido de entrar com uma corrente com um pingente do Megadeth que o policial falou que poderia ser “arma branca”. Tive que descartar minha correntinha numa caixa com vários outros itens parecidos. Aquele pingente era mais um presente da minha mãe e jogar aquele pingente foi como jogar meu coração naquela caixa. Mas eu o fiz, porque a vontade de ver aquele show do Guns era maior.

Nesses últimos 31 anos, sempre  fui a um show, de banda internacional ou brasileira, pelo desejo, muitas vezes avassalador, de assistir aquele show. Sempre comprei um LP, CD ou camiseta, de banda internacional ou brasileira, pela vontade de possuir aquele item mais do que tudo! Para ouvir, para vestir, me expressar, fazer parte do que sou, como numa extensão da minha identidade.

Quando me lembro do brilho nos olhos do moleque Eliton ao comprar um novo LP, ou da euforia até chegar o dia e a hora de um show, é esse tipo de sentimento que espero que as pessoas tenham ao ouvir uma música de um banda do metal brasileiro.

Não apoie o metal nacional! Viva, o metal nacional!

 
 
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