Darkship – Metal freudiano
Postado em 17 de setembro de 2025 | 3 views @ 20:09

Formado em Carlos Barbosa, no Rio Grande do Sul, o Darkship é conhecido por sua combinação única de metal sinfônico, power metal e elementos progressivos aliados a letras profundas e arranjos sofisticados. Com a poderosa vocalista Sílvia Cristina à frente dos vocais, Joel Pagliarini na bateria, Ander Santos no violino, Doods Junges no baixo e Misael Dutra na guitarra e vocais, a banda já tem dois álbuns lançados, “We Are Lost” de 2015, e o mais recente, “Between the Shadows” de 2023, que foi produzido por Thiago Bianchi no Estúdio Fusão, em São Paulo/SP.

Depois de shows em várias regiões do país, inclusive a participação na “Redemption Tour” que passou pelos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul e também contou com Norturnall, Edu Falaschi e Mike Portnoy, o Darkship fez uma mini-tour pelo norte do Brasil em Julho de 2024 que inclui uma participação no renomado PortHell Metal Fest.

A banda está no momento em estúdio trabalhando em seu terceiro e novo álbum, mas acabou de lançar dois novos videoclipes, “Upside-Down” e “Heavenly Night”.

Como é bom fazer uma entrevista com músicos inteligentes e articulados nas respostas. Confiram esse papo massa com o Joel, baterista.

Vocês são de Carlos Barbosa, no sul do Brasil, e no ano passado fizeram uma turnê no norte do país, com shows em Macapá, Portel e Belém. O Brasil é um país continental e, evidentemente, há pluralidade cultural entre as diferentes regiões e estados. Como essas diferenças se estabelecem especificamente na cena do heavy metal, por parte do público, bandas, músicos e bastidores, na visão de vocês, uma banda gaúcha?

Joel Pagliarini – O Brasil é gigante em tudo: tamanho, cultura, sotaque, comida… e no metal não é diferente. A gente percebe que cada região tem sua própria forma de viver a música. No sul, o público costuma ser muito exigente e detalhista, enquanto no norte sentimos uma energia visceral, de entrega total. Mas em todos os lugares, a paixão é a mesma. O mais incrível é ver como o metal une pessoas tão diferentes — não importa se é churrasco ou tacacá, no final estamos todos batendo cabeça juntos. Para nós, como banda gaúcha, foi enriquecedor ver de perto essa pluralidade e aprender com ela.

Pelos títulos das músicas, suponho que os temas abordados nas letras do Darkship sejam, em sua maioria, sobre as relações humanas. De que forma a relação com o Outro é um desafio?

Joel – Exatamente. O Darkship sempre buscou explorar o lado mais profundo das relações humanas — as contradições, os conflitos internos, os abismos entre pessoas. O maior desafio de se relacionar com o Outro é que cada um carrega um universo próprio, cheio de cicatrizes, memórias e sonhos. Muitas vezes, esses universos colidem. E é nesse atrito que encontramos material para criar. Nossa música fala muito sobre esses choques, sobre tentar se entender em meio ao caos das emoções. No fim, é quase uma terapia coletiva, só que feita com riffs, sinfonias e bastante peso.

Dark-Ship. Em tradução literal, do inglês, “navio obscuro”. Sob quais mares navega essa nau e quais os atributos dessa obscuridade?

Joel – Nós sempre brincamos que o Darkship é um navio que viaja entre dois mundos: luz e sombra. Esse “obscuro” não é sobre maldade, mas sobre mistério, aquilo que não está na superfície. Navegamos por mares de sentimentos densos, pela introspecção, pela busca de identidade. O nosso navio carrega histórias humanas — algumas sombrias, outras de esperança. E essa obscuridade é quase um convite: quem entra nesse navio, entra para explorar o lado escondido da própria alma.

A banda categoriza seu som como “Dark Electro Symphonic Modern Metal”. Definir um rótulo é importante para o aspecto mercantil, encontrar e definir um nicho do público, de mercado, mas do ponto de vista artístico não significa um suicídio criativo?

Joel – Boa pergunta! Colocar um rótulo é tipo tentar explicar um prato típico: ajuda o pessoal a ter uma ideia do sabor, mas nunca vai substituir a experiência de provar. Para o lado mercadológico, sim, é importante — senão ninguém saberia onde nos encontrar. Mas artisticamente, não nos sentimos presos. Pelo contrário, esse “rótulo” é só uma bússola. Dentro dele, a gente mistura orquestrações, eletrônica, prog, power, gothic… enfim, tudo que nos move. O Darkship é como esse navio: tem uma rota, mas sempre pode mudar de direção quando o vento criativo sopra.

Tem elementos da música do Darkship que, pessoalmente, me agradam muito e fazem lembrar-me das bandas de gothic metal dos anos 90/2000. Theatre Of Tragedy, The Gathering, Lacuna Coil antigo, bandas como essas. Vocês realmente trazem inspirações nesses grupos?

Joel – Com certeza! Esses nomes que você citou entre muitas outras, são parte da nossa formação musical, e seria impossível não carregar um pouco dessa influência. A cena gothic dos anos 90/2000 foi revolucionária, principalmente por trazer essa dualidade entre peso e atmosfera. O que fazemos no Darkship é meio que uma evolução pessoal disso: pegamos aquela essência e misturamos com nossa identidade, que inclui também power metal, prog e elementos eletrônicos modernos. É quase como se estivéssemos conversando com essas bandas através do tempo, mas trazendo nossa própria voz para a mesa.

Queremos agradecer à Valhalla pelo espaço e pelo interesse em mergulhar fundo no universo do Darkship. É sempre especial quando uma entrevista vai além da superfície e abre espaço para reflexões sobre arte, identidade e música. Para quem está chegando agora, convidamos a embarcar nesse obscuro com a mente aberta — nossas músicas falam sobre todos nós, sobre os desafios, dores e esperanças que fazem parte da vida. E para quem já nos acompanha desde o início, nossa eterna gratidão: cada show, cada mensagem, cada interação mantém o Darkship sempre forte. Nos vemos na estrada, em qualquer lugar onde o metal for o idioma comum.

Assista o vídeo de “Heavenly Night” no Youtube:

Assista o vídeo de “Upside-Down” no Youtube:

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