Guardian Of Lightning – No princípio, deus não criou o Thunder Metal
Postado em 17 de setembro de 2025 | 2 views @ 22:08

Até parece uma história conhecida. Até parece não! É bastante conhecida a história da banda de metal que primeiro faz sucesso no exterior para, só depois, ser reconhecida em seu próprio país. O Guardian Of Lightning é mais um protagonista nesse drama.

Natural da pequena cidade de Guariba, localizada na região metropolitana de Ribeirão Preto/SP, o Guardian Of Lighning foi formado em 2017 pelo baixista Irón King. Engana-se quem pensa que seu nome se trata de um pseudônimo artístico, Irón foi o nome escolhido e registrado pelo pai do baixista, Marco Fino, que é o guitarrista e vocalista do Guardian Of Lightning. Para reafirmar a atmosfera familiar da banda, completa a formação o baterista Fábio Belodi que, por quase 30 anos, tocou ao lado de Marco Fino na banda Pesadello (formada em 1985).

Outra história bastante conhecida é aquela de que muitas das maiores revoluções na música não nasceram de teorias, mas de erros, improvisos e acasos.

A perda das pontas dos dedos médios e anelares da mão direita de Tony Iommi foi um evento crucial para a criação do som pesado do Black Sabbath e, por consequência, do heavy metal, por exemplo. No caso do Guardian Of Lightning, Marco Fino vem da escola do punk rock com a Pesadello e sempre tocou guitarra base, nunca foi adepto dos solos. O fato fez com que Irón King assumisse os momentos dos solos nas músicas, mas através do contrabaixo, o que naturalmente trouxe um protagonismo para o instrumento nas composições, caracterizando-se num som bastante original e de identidade própria.

Em 2022, a banda recebe uma proposta e assina, portanto, um contrato com a norte-americana Eclipse Records. No mesmo ano a gravadora lança o álbum de estreia do Guardian Of Lightning, “Cosmos Tree”, que mais tarde receberia uma nova versão remasterizada por ninguém menos que Billy Stull, famoso por ter trabalhado com monstros do rock como Led Zeppelin, Jimi Hendrix e Kiss.

O som pesado com baixo elétrico trovejante do Guardian Of Lightning impressionou tanto a imprensa internacional, que lhes foi atribuído a alcunha de criadores do “Thunder Metal”.

Irón King saiu-se muito bem nas provocações feitas nesta entrevista que você confere abaixo.

A imprensa internacional tem declarado que vocês são os criadores de um novo gênero chamado “Thunder Metal”. Essa atribuição se dá, principalmente, pelo fato de, na música do Guardian Of Lightning, o baixo exercer protagonismo, principalmente em comparação com a guitarra. Outros grupos, principalmente dos anos 70 como ELP, Van Der Graaf Generator, Triumvirat, ou até mesmo o The Doors, não tinham a guitarra em destaque. Mais recentemente, bandas como Royal Blood e The White Stripes, também seguem por esse caminho. No heavy metal, não há mesmo muitas referências. Como se dá essa originalidade do som do Guardian Of Lightning?

Irón King – Essa originalidade nasceu com a musicalidade de cada integrante e com a forma de compor da banda. Surgiu de forma não proposital, mas naturalmente, assim como a harmonia em relação as letras. O Royal Blood usa um sinal do baixo no amplificador de contrabaixo e o outro sinal em um amplificador de guitarra com distorção onde dá essa sensação de “oitavador”, ou seja, o foco deles são em riffs de baixo, não em solos. Agora, só pra deixar claro, o Cliff Burton tinha o Kirk Hammett no Metallica para fazer os solos de guitarra, assim como o Billy Sheehan tinha o Paul Gilbert no Mr. Big, ou mesmo o Motörhead, Primus e Manowar, todas essas bandas têm um guitarrista solo para fazer os solos, o foco dessas bandas não era fazer solos de baixos em todas as músicas, por isso o que estamos fazendo é diferente e original. Ademais, no caso do Guardian Of Lightning, criamos nosso próprio som de baixo como uma assinatura sonora. Quando você ouve o baixo, você sabe que é Guardian Of Lightning só pelo timbre do baixo.

Em tempos de mídias sociais e a decorrência de vaidades acentuadas, vocês se sentem confortáveis diante dessa atribuição, de criadores de um gênero musical?

Irón – De certa forma nos sentimos honrados, sim. Pois vivemos num tempo onde tudo é volátil e rotulado, o mercado musical em geral tem essa necessidade de rotular. Para nós é confortável não enxergar isso de forma pejorativa. Se esse é o preço a pagar para a banda ser lembrada, e trabalhada, por eles (o mercado), então tudo bem.

Como consta no press release da banda, “as maiores revoluções na música não nasceram de teorias, mas de erros, improvisos e acasos”. Com vocês, o seu pai vem da escola do punk e nunca foi adepto dos solos. O fato fez com que você, Irón, assumisse os momentos dos solos nas músicas, mas através do contrabaixo. É comum pensarmos a música como uma potência criativa, não estaria, portanto, essa potência alinhada à vulnerabilidade, neste caso da criação por “erros, improvisos e acasos”?

Irón – Não vemos isso como vulnerabilidade, pelo contrário. O fato do meu pai, Marco, vir de uma escola punk rock (Ramones, Sex Pistols, NY Dolls, etc), só enriqueceu a forma como a banda se reuniu para compor, pois, de fato, sua guitarra soa suja e pesada como uma tempestade de acordes distorcidos, deixando, assim, esse espaço para um instrumento muito rico e pouco explorado pelos artistas e músicos, que é o contrabaixo.

Quando tudo parece ter sido já criado, principalmente no heavy metal, não seria um momento propício para uma “descriação artística”? Descriar o que parece muito bem criado, definido, muito bem encaixado: descriar para desencaixar, e não destruir?

Irón – Eu acho que a questão não é de construir e desconstruir. A música, o rock e o metal são formas de arte. E para a arte não há limites. Tudo é possível, não há barreiras, assim como uma tela em branco pronta para ser pintada. Nossa música em si é pura criação emocional no estado mais bruto e verdadeiro da arte. As músicas do Guardian of Lightning transmitem a nossa verdade interior, nossos sentimentos, seja como seres humanos e também como artistas.

Qual o significado por trás do nome da banda? Em uma tradução literal do inglês, temos “guardião do relâmpago”.

Irón – O símbolo da banda nasceu antes e originou o nome Guardian of Lightning. Sim, o relâmpago é uma luz poderosa que vem de cima, tem algo de uma força maior da qual somos pertencentes. Essa força pode ser algo espiritual, muito forte e positivo.

Ouça “Cosmos Tree” no Spotify:

Assista o vídeo de “Raise Your Sword” no Youtube:

Também assista o show “Live at Cosmos Tree” no Youtube:

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