Metal Church – Entrevista com Mike Howe
Postado em 20 de novembro de 2017 | @ 15:21


Parece haver uma regra para a felicidade: ela só pode existir no presente! Se os dias do passado foram os melhores de nossas vidas, isso significa que os atuais não são tão bons, ou seja, não estamos sendo tão felizes quanto já fomos. Se esperamos ser felizes depois de conseguirmos alguma coisa, seja uma qualificação profissional ou um bem material, isso também significa que não estamos felizes agora. A felicidade é intrínseca ao presente.

Para uma banda histórica, que acumulou glórias no passado e cujos fãs sempre fazem questão de manter esse passado vivo no presente, parece ser bastante difícil continuar produzindo música nova e fazendo os fãs felizes com o que se faz na contemporaneidade. Eu particularmente me senti muito feliz com o disco novo do Metal Church, “XI”, de forma que o colocaria lado-a-lado com os maiores clássicos da banda de Aberdeen (EUA). Ainda assim, eles acabaram de lançar um disco ao vivo só com músicas do passado, sugestivamente intitulado “Classic Live”.

Falei com o vocalista Mike Howe que voltou para a banda depois de 20 anos vivendo de forma pacata no interior dos Estados Unidos, com sua família e um emprego formal. A mudança radical, seja há 20 anos quando ele deixou o grupo ou no presente com seu retorno ao Metal Church, seria um indício de que estaria ele em resgate da felicidade do passado ou construindo os alicerces de uma felicidade futura? Parece mesmo difícil essa tarefa de SER feliz.

Eliton Tomasi – Como é estar de volta ao Metal Church depois de tantos anos?

Mike Howe – É incrível! Me sinto afortunado por poder continuar fazendo música depois de tantos anos.

Eliton – E como foi todo o processo até você se juntar à banda novamente?

Mike – O Kurdt (Vanderhoof – guitarrista e fundador do grupo) me ligou no final de 2014 e perguntou-me se eu estaria interessado. Eu disse que não estaria interessado se fosse para voltar só por nostalgia. Precisaria haver música nova tão boa quanto o material antigo. Então trabalhamos nisso e estamos muito satisfeitos com o resultado. E, naturalmente, cair na estrada foi uma consequência.

Eliton – Você esteve fora do mundo da música pelos últimos 20 anos. O próprio Kurdt declarou em 1998 que você havia se aposentado e vivendo no Tennessee com sua família.

Mike – Sim, estive vivendo uma vida normal durante esse tempo. Trabalhando e criando os filhos.

Eliton – E como foi abandonar tudo isso e voltar para essa loucura que é a vida no rock ‘n’ roll?

Mike – Cara, é como ter 20 anos e fazer algo novo novamente.

Eliton – Sua performance em “XI” é brilhante! Você para de cantar por 20 anos e quando volta é como se o tempo não tivesse passado! Como isso, cara? 😊

Mike – Obrigado, cara! Na verdade no início eu tive dúvidas se conseguiria. Então fizemos aquele remake da “Badlands” e toda minha técnica ainda estava lá. Confesso que fiquei surpreso, e feliz, é claro.

Eliton – Facilmente eu colocaria o “XI” entre os discos clássicos do Metal Church. Em minha opinião vocês provaram que é possível ser criativos, relevantes e honestos após 37 anos de carreira. Nem todas as bandas mais antigas conseguem isso, a meu ver.

Mike – Obrigado novamente. Nós trabalhamos nessas músicas sem pressão, foi feito com o coração. A química entre nós era a mesma que há 20 anos atrás: fizemos música com diversão! Nós também não elaboramos as ideias excessivamente, deixamos que elas fluíssem.

Eliton – No novo disco ao vivo, por que vocês decidiram reunir apenas os antigos clássicos?

Mike – Com “Classic Live” nossa intenção foi documentar o primeiro ano fantástico que estivemos na estrada. E essas músicas foram as que mais gostamos! A meu ver as músicas podem ser as clássicas, mas tocadas pela versão moderna do Metal Church e é disso que eu mais gosto no álbum.

Eliton – Ei Mike, e os caras do Heretic? Você ainda tem contato com eles? Em 1990 eles lançaram um álbum excelente com o David Wayne’s Reverend, intitulado “World Won’t Miss You”.

Mike – Sim, eu conheço esse disco, mas nunca mais tive qualquer contato com os caras do Heretic.

Eliton – O Metal Church e o Metallica sempre foram bandas amigas. As bandas sempre foram tão próximas que até mesmo o Lars Ulrich chegou a fazer um teste para o Metal Church em São Francisco em 1980. Por que o Metallica fez tanto sucesso e o Metal Church não, pelo menos na mesma proporção comercial/mercadológica?

Mike – Além do fato do Metallica ser uma banda ótima, eles sempre tiveram um objetivo e focaram nisso. O Metal Church passou por muitos problemas com empresários, integrantes, gravadoras que tornaram mais difícil para a banda vir a fazer sucesso.

Eliton – Podemos esperar por um novo disco de estúdio?

Mike – Já estamos compondo novas músicas!

Eliton – Planos para o Brasil?

Mike – No momento não, mas mal podemos esperar para visitá-los e compartilhar o Metal com nossos fãs brasileiros. Obrigado pela entrevista cara. Abraço.

Mais Informações: https://metalchurchofficial.com/

 

 

 
 
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