Prong – Fabrique Club (São Paulo/SP) – 12 de Outubro de 2022
Postado em 31 de outubro de 2022 | @ 17:18



Por Eliton Tomasi

“Eu sou vários! Há multidões em mim. Na mesa da minha alma sentam-se muitos, e eu sou todos eles.”. Gosto de pensar a música do Prong como essa frase de Nietzsche.
Arte plural, música de possibilidades. É thrash metal. É hardcore NY. É new metal. É pós-punk. É…
É por isso que o Prong é uma de minhas bandas preferidas.

Quando a Valhalla era uma revista impressa com a responsabilidade de estar todo mês nas bancas, as coberturas de shows eram parte do trabalho. E o trabalho nem sempre era prazeroso, de forma que eu nem sempre cobria shows de bandas que curtia, algumas vezes estava lá realizando um trabalho absolutamente técnico. Hoje é diferente. Ainda continua sendo trabalho, o profissionalismo é intrínseco, mas sem qualquer injunção mercantil, a paixão é o que me faz decidir por cobrir algum show.

Assim estive no Fabrique Club em São Paulo no último dia 12 de Outubro, três dias após eu completar 45 anos de idade, um grande presente de aniversário!

Curti o show do Válvera! Conhecia a banda pelos ótimos vídeos que lançaram, ainda não tive a oportunidade de ouvir seus álbuns inteiros, mas certamente fizeram um show de abertura à altura. As músicas são legais, os músicos são muito bons tecnicamente e a performance de palco e o figurino funcionam. Prevaleceu no show do Válvera, pelo menos nessa noite, essa idiossincrasia do metal – especialmente o metal europeu e o sul-americano – de um show sério, de poucos sorrisos e uma concentração que se prioriza diante da espontaneidade pretendendo uma entrega tecnicamente impecável.

E de fato houve uma mudança no humor do público quando “Test”, de “Cleasing”, começou a tocar no PA. Havia uma jovialidade disponível entre os quarentões presentes como se passado e presente se encontrassem com destino ao desconhecido, afinal, aquela era a primeira vez do Prong no Brasil.

Eu que não tenho mais o sentimento de culpa pelo pecado cristão pesando sob minhas costas, não fiz qualquer esforço para esconder a felicidade de estar presenciando esse show do Prong, principalmente pelo fato do já citado “Cleasing”, meu disco preferido da banda, ter sido o mais lembrado no setlist: “Test”, “Whose Fist Is This Anyway”, “Cut-Rate”, “Broken Peace”, “Snap Your Fingers, Snap Your Neck” e “Another Wordly Device”.

Mesmo que Tommy Victor seja o Prong, em muitas músicas a memória de Paul Raven (também ex-baixista do Killing Joke, falecido em 2007) se fez presente. Especialmente nas músicas de “Cleasing” e em “Rude Awakening” e “Close The Door”. Sem qualquer desprestígio para o experiente Jason Christopher que já frequenta o núcleo do Prong desde 2012, além de ter sido baixista do Stone Sour, Sebastian Bach, etc.

Mas um bom show de rock não é só feito pelos músicos no palco. O público, mesmo pequeno, fez sua parte com rodas de hardcore que tiraram muitos sorrisos de Tommy Victor que, por sua vez, incentivava a prática a cada música antiga como “Beg to Differ”, “Lost And Found”, “Unconditional” e “Prove You Wrong”.

“Revenge… Best Served Cold” foi o momento do show que eu mais curti. E senti falta de “Remove, Separate Self”, já que curto muito também essa fase do Prong entre 2012 e 2014 quando lançaram “Carved Into Stone” e “Ruining Lives”, respectivamente.

Fecharam o show no segundo bis com o cover de “Third From The Sun” do Chrome, afirmando o quanto o pós-punk é uma referência da música e da arte plural desse grupo singular chamado Prong.

Parabéns à Venus Concerts pela inciativa de trazer ao Brasil uma banda que não é obvia do ponto de vista comercial, mas muito óbvia do ponto de vista artístico.


Crédito das Fotos: Susi dos Santos

 

 
 
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