Steve Grimmett – A dor e o amor de uma vida pelo Metal
Postado em 25 de maio de 2020 | @ 21:14



Sou da opinião de que o nível de relevância de uma obra artística é determinada pelo quanto aquele trabalho representa para o próprio artista. Ou seja, quanto mais uma obra falar sobre quem é o artista, sua vida, sua verdade, quanto mais representar fielmente suas expressões, desejos e intenções, mais relevante essa obra será. Sem qualquer condenação para os trabalhos artísticos produzidos a partir de uma determinada demanda ou expectativa. Esse tipo de trabalho tem seu valor econômico.

A música de Steve Grimmett sempre foi relevante. Continua sendo mesmo depois de 40 anos. Talvez mais do que nunca! Suas palavras, a seguir, trazem verdades. Falam sobre dor. E falam sobre amor. Pelo Heavy Metal!

Eliton – Oi Steve, espero que você esteja seguro e bem. Obrigado por esta entrevista, amigo.
Então, o que você tem feito nesta quarentena por conta da Covid-19?

Steve – Na verdade tenho estado muito ocupado. Tenho feito algumas gravações para outros músicos como trabalho remunerado. Também fiz algumas gravações para caridade.

Eliton – Steve, preciso lhe dizer… Sem exagero, “At The Gates” é um dos melhores álbuns de toda a sua carreira! Definitivamente! Eu facilmente o coloco lado a lado com os grandes clássicos do Grim Reaper, Lionsheart, etc. Você também acha isso?

Steve – Agradeço pelo seu comentário, embora eu tenha que dizer que não foi o meu álbum favorito de gravar. Eu estava sob muita pressão e também sofrendo de depressão, estresse pós-traumático e não tive ajuda das pessoas ao meu redor. Foi muito difícil gravar esse disco, para ser honesto.

Eliton – Pois é. Na verdade “At The Gates” foi lançado após alguns momentos difíceis para você. Você teve uma perna amputada em 2017 em decorrência da diabetes, em 2018 você foi diagnosticado com depressão e no mesmo ano também perdeu o seu irmão, Alan. A música, e especialmente a criação deste álbum, mesmo difícil, lhe ajudaram a se recuperar de todos esses episódios traumáticos?

Steve – Funcionou de certa forma, mas eu tive que me aprofundar muito nesse processo. Eu tive alguns bloqueios criativos e tive que pedir ajuda aos outros caras, algo que eu gostaria de nunca ter feito, mas me encontrava em um lugar muito ruim.

Eliton – Aliás, recentemente você fez um post em seu Instagram comentando sobre os problemas que estava enfrentando com a depressão, como uma forma de incentivar as pessoas que estão passando pelo mesmo problema a procurarem ajuda. Para você, como artista e uma pessoa pública, o quão importante é, além de fazer música, ser um exemplo e poder mudar a vida de outras pessoas?

Steve – Muitas pessoas me agradeceram mesmo por isso. Acho que, de certa forma, estendi a mão às pessoas ao contá-las o que estava acontecendo na minha vida. Os problemas relacionados ao estresse pós-traumático e a depressão começaram a tomar conta lentamente e tive que procurar ajuda. Minha esposa Amelia me apoiou e me ajudou a superar a maior parte desse problema e posso dizer que estou chegando lá agora.

Eliton – Isso é muito bom, Steve! Bem, voltando a falar sobre música, “Walking In The Shadows”, o álbum anterior de 2016, também é ótimo. Nos últimos quatro anos você escreveu e lançou músicas tão boas quanto os maiores clássicos da sua carreira. Como continuar sendo criativo e relevante depois de 40 anos tocando heavy metal?

Steve – Para mim é uma questão de amor pela minha música e pela maneira como a crio. Isso é primordial, para mim. Não vejo razão em ficar remoendo sempre as mesmas coisas antigas. Tem que significar alguma coisa e sempre vir do coração.

Eliton – Eu não acho que outros grandes nomes como Iron Maiden ou Judas Priest ainda sejam tão relevantes quanto você, em termos de criação. Sinto que a esfera dos negócios da música interfere diretamente no processo criativo. O que você acha?

Steve – Pode ser. Eu não tenho nenhuma influência desse tipo sobre a minha música. Eu faço isso por amor e pelos meus fãs que me dão a capacidade de continuar fazendo música.

Eliton – Steve, você completou 60 anos de idade. Vou fazer três perguntas para terminarmos. A primeira é qual foi a lição mais importante aprendida com a vida até aqui?

Steve – Permaneça fiel a si mesmo, confie em si mesmo, acredite em si mesmo e não deixe ninguém mudar a sua mente.

Eliton – E o que é arte e o que é heavy metal para você?

Steve – Tudo é a respeito de música para mim. É minha paixão e meu amor.

Eliton – O que é a vida?

Steve – A vida é difícil. Mas quando olho para meus filhos e netos, sei o que a vida é.

 
 
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